sábado, 22 de dezembro de 2007

A espécie humana é dividida em duas categorias (que nós resolvemos chamar de sexos): masculino e feminino. Simples assim, certo? Não, nem tão simples. Essas duas classes distintas insistem em ser tão diferentes quanto são iguais, o que pode tornar qualquer teoria a respeito das mesmas um pouco confusa. Mesmo assim, baseada em observações e dados colhidos nos poucos anos que já me couberam viver, eu resolvi arriscar um breve estudo sobre estes seres tão paradoxais.

O que viria a unir, ou separar, os dois pólos do ser, o feminino e o masculino? Bem, ambos tem apetrechos básicos de ser humano, ou seja, cabeça (e os acessórios que acompanham), tronco, membros, e essas coisas que competem à área anatômica. Mas logo ai lembramos a primeira diferença: não existiria um certo... instrumento que não se assemelha entre homens e mulheres? Na verdade, eles receberam uma caixa inteira de ferramentas que foram feitas pra diferentes fins.

A nossa língua portuguesa é outra que por vezes junta e por outras diverge as criaturas machos das fêmeas, mas ai nós entramos no campo gramatical e isso pede mais explicações do que meu pouco humor permite fornecer, então vamos para os exemplos rápidos. Juntam: o artista e a artista, o jornalista e a jornalista, as criaturas. Divergem: materno e paterno, dama e cavalheiro. Além do mais, por que os plurais são sempre levados para o masculino? O machismo se reflete até mesmo no vocabulário!

Depois disso é possível recorrer aos estereótipos na hora de confirmar uma diferenciação. Por exemplo, os homens são fortes e as mulheres delicadas, os homens governam o mundo e as mulheres o decoram (viva o nosso senso de estilo), homem assiste ao futebol na tv e mulher assiste à novela, homens fazem sexo e mulheres fazem amor, homens não choram e mulheres não poderiam ser mais sentimentais, homens dirigem bem e mulheres são péssimas motoristas, eles são de Marte e elas são de Vênus, entre incontáveis outras baboseiras que em geral não passam de senso comum e preconceito.

Esse estudo tão superficial (e instantâneo) a respeito da relação entre os sexos só me leva a concluir que na verdade não há o diferente e o igual pré-estabelecido, isso só acontece por convenção do que alguém um dia disse. Homens e mulheres podem ser diferentes ou iguais dependendo da cultura, da vontade dos mesmos, dos tempos em que são comparados. Não cabe a mim ou a qualquer outro julgar o que é e o que deveria ser quando tratamos de coisas tão complexas quanto os seres humanos e essa divisão categórica que nós decidimos atribuir a eles.

domingo, 16 de dezembro de 2007

Sobre o fim (parte 2)

Acabou! Se é que há fim para o que não tem começo. Acabou aquilo que nunca existiu. Acabou o desejo, a possibilidade, o futuro, o sonho. Acabou o fim que há muito se estendia. Acabou enfim! Por que só eu não vejo?Poque só eu não aceito? Por que eu ainda finjo, disfarço, simulo? Por que eu insisto? por que eu desisto? Por que meu querer é estático, paciente? Por que SIM? Por que NÃO?
Por que? Acabou!

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Sobre o fim (parte 1)

Um dia tudo chega ao fim, as coisas, as idéias, os sentimentos, as pessoas, tudo. De que nos vale, no entanto, ater-nos a efemeridade do finito e deixar perder-se o tempo do que ainda é e não foi. O que há de tão hipnotizador no fim que acaba por nos atar tão firmemente às lembranças, que nos alimenta de esperanças vencidas e nos imobiliza no tempo?

segunda-feira, 10 de dezembro de 2007


Fechado, abafado, quente. É possível distinguir as palavras circularem por aquela cela claustrofóbica, quase sólidas, mas de uma solidez parada e entediante que sufoca , mais até que o calor daquela cela escaldante... Do que se trata afinal? O que diz esse conjunto de palavras desagregadas que jorram sobre mim? desinteressantes, desnecessárias, destilando um conhecimento impalpável e artificial, como esta inteligência que regurgita sobre mim essa teoria adulterada. Não ouço, pois meus ouvidos estão surdos para o que não me convém. Não vejo, pois as palavras circulantes são neblina embaralhada frente aos meus olhos. Não falo, pois não tenho o que repetir deste tema que desconheço tão propositadamente. Em breve, porém, a liberdade ansiada, espaço, ar, redistribuição espacial das cores, indistinção de sons múltiplos... uma liberdade finda, que começa para depois encerrar-me na mesma cela conhecida e repudiada, mas pelo menos liberdade.


<<Texto escrito em uma das incrivelmente produtivas aulas de Formação da Sociedae Brasileira, do professor Jawdat Abu-el-Haj (ou algo assim...eu deveria ir checar mas a preguiça é monstra que me consome!). Caramba, como eu fico inspirada em certas aulas!!! Minha revolta está quase Cazuziana! Enfim...antes que eu fale mais besteiras, melhor eu parar por aqui...um XERU!>>

domingo, 2 de dezembro de 2007

que valha a pena


Se um dia você largar tudo o que tem por uma oportunidade que te surge agora, nova e vibrante, eu só espero que valha a pena. Se tudo que você ganhar superar aquilo que você perdeu, pelo menos valerá a pena.

Se você magoa alguém, mas está mais feliz do que jamais esteve e sua felicidade é exatamente o que importa mais, se console no fato de que vale a pena.

Se você sabe que vale a pena não deixe que o medo te impeça de agir, nem o medo de abrir mão de algo nem de perder o que já tem e nem mesmo o medo de machucar os outros, Para que não haja arrependimentos. Eu só espero que no fim valha a pena!

terça-feira, 30 de outubro de 2007

Última noite


A noite caiu como um véu enegrecido sobre a cidade. Era curioso, como tudo parecia deserto e sombrio,mesmo não sendo ainda tão tarde. Ela desceu do ônibus a uma distância curta de casa e percorreu com um pouco de pressa o caminho que a separava do portão, detestava caminhar por aquela rua vazia, sentia olhos perfurando-lhe o corpo e calafrios lhe percorriam a espinha, mas não havia nada ali, não havia ninguém. Ela abriu o portão e entrou em casa, largou-se na cama e esperouque o ritmo cardíaco desacelerasse, tudo parecia tão calmo ali e mesmo assim seu coração ainda batia freneticamente. Os cabelos em sua nuca arrepiaram com o som do portao sendo forçado. algo estava para acontecer e ela sentira, estivera com aquela sensação o dia inteiro. Agora não havia mais nada a fazer. Trancou a porta do quarto e esperou, sentindo o coração colidir contra o peito.

As nove da noite, ele a viu descer do ônibus e percorrer o caminho até o portão de casa, sabia de cor cada movimento que ela faria, tantas vezes já estivera ali observando-a, analisando-a e, principalmente, desejando-a. Se escondera naquele beco entre o mercado e uma construção abandonada todas as noites desde que a vira ali pela primeira vez, mas esta seria a última noite, ele não podia mais esperar. Quando ela entrou em casa ele refez seus passos até o portão, achou poder sentir o perfume dela por todo o caminho. Ele forçou o portão insistentemente até que a frágil fechadura cedesse, ele sabia que cederia, já analisara aquele portão antes. a entrada se escancarava convidativamente para ele agora, seu coração acelerado de excitação. ela estava no quarto, ele podia ouvir o ruído de sua respiração por trás da porta, o último impecilho para ter o que desejava. Ele alcançou a maçaneta e girou-a, estava trancada. Ele forçou a porta até que esta abrisse .

Ela nunca gostara da idéia de manter aquilo em casa, ouvira diversas vezes sobre os riscos que poderia trazer, mas seupai insistira, na manhã seguinte a mudança ele a entregou e disse que a escondesse por perto. E lá estava ela, entre o colchão e a estrutura da cama. ela sentiu o frio metálico ao toque de seus dedos, encostou-se na parede contra a porta e esperou. Ele empurrou a porta com violência um segundo antes do disparo, o som cortando o denso silêncio. Ele sentiu o sangue aflorar-lhe na boca e escorrer por seu peito, aquela noite seria a última. Logo só haveria uma pulsação naquele quarto, ainda acelerada, não havia mais nada a fazer.

domingo, 28 de outubro de 2007

A quem interessar possa


A quem interessar possa, não tenho mais coração. Perdi-o junto a tantas outras tralhas das quais me desfiz recentemente. Não que tenha esta sido uma perda acidental, tampouco foi premeditada. Apenas eu, na ânsia de livrar-me de tudo que já não me servia, decidi que ele era apenas um fardo. Não é de mim ficar guardando essas miudezas inúteis por tanto tempo como sei que o fazem outras pessoas. Se já não tem serventia alguma, adquire endereço certo, a lixeira. É lá que ele se encontra agora, no topo da pilha dos descartados. Peguei-o olhando-me furtivamente algumas vezes, magoado e ressentido. Como se fizesse diferença... logo ele não estaria mais ali e nenhum sentimento de culpa pesaria sobre mim. Deixei-me ficar ao alcance de seus olhos só para provocá-lo. Sentei-me à escrivaninha e pus-me a rabiscar este papel. Ele agora encara-me abertamente, mas não o faz com rancor, ele mais parece triste. Juraria ter visto uma lágrima escorrer-lhe pelo rosto. De qualquer forma, não faz diferença. Eu não tenho mais coração. Ele tentou um último apelo nostálgico. Infelizmente para ele, eu não guardo sequer uma boa recordação do tempo que passamos juntos. Ainda assim, acho que vou tirá-lo da pilha. Talvez nós apenas não sejamos compatíveis. Ele pode ser útil a um outro alguém. É isso. Vou doá-lo. Ele parece menos triste agora, mas acho que ele preferia ficar. Não importa, ele se acostuma. Por mim ele poderia ir para o lixo e não faria diferença. Só mudei de ideia porque não é de mim desperdiçar. Sendo assim, a quem interessar possa, tenho um coração disponível. Favor entrar em contato.

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Dor


DOR
Navalha encravada na carne dormente

do frio metálico que amortece a ferida
SANGRANDO
O calor rubro escorrendo em meu peito
refazendo o caminho que a lâmina abriu
VIOLENTA
Toda a fúria e revolta que eu te causei
descontada em um único golpe certo
FATAL
Essa história que começou errado
e por medo do fim nós fizemos durar tanto
TEMPO
Perdido em lembranças sufocantes de ilusão
figuras sem foco dançando em minha mente
CERRANDO
Meus olhos que não mais se abrirão
Já não sinto
Nem mesmo dor
Nem mesmo por ti

terça-feira, 31 de julho de 2007

Fábula


Era uma vez, há muitos anos, em uma dessas florestas de que já não se tem notícia, uma comunidade de sapos que habitava um dos lagos da região. Eram sapos muito simples em sua desordenada atividade de sobreviver. mas, um dia, um desses sapos, muito jovem e também ganancioso, decidiu ir-se dali, morar na capital.

E foi com uma pequena trouxa nas costas, coragem e nada mais. Na cidade estudou e aprendeu também as malandragens necessárias para vencer na vida, mas ali, entre tantos sapos malandros e com a gigantesca cidade a podar-lhe os sonhos, ele não poderia ser importante. Resolveu voltar para a floresta e, ao chegar no lago, foi recebido com grande alvoroço por ter estado na capital, onde, dizem, os sapos devoram-se uns aos outros. Foi entao que este sapo, agora cheio de astúcia, viu sua oportunidade junto àqueles sapos ignorantes:
Meus queridos companheiros sapos, na cidade eu aprendi muitas coisas e descobri que um líder é essencial para que nos desenvolvamos, por isso voltei. Agora que sou um sapo instruído, serei seu líder e trarei o progresso para nossa comunidade.

Os sapos, ingênuos, aceitaram sem contestar, saudaram-no até. O desenvolvimento veio de fato. O lago virou capital, surgiu a divisão do trabalho, depois a divisão de classes, e o novo líder de tudo se favorecia. Porém, um dia, morreu o grande líder sem deixar sucessor e sem ensinar a ninguém as artes da malandragem. Quanto aos pobres sapos do pequeno lago na escondida floresta, acabaram por devorarem-se uns aos outros na ganância e ignorância do poder.


(Fortaleza, Dezembro de 2005)

segunda-feira, 30 de julho de 2007

Pride and Prejudice


Orgulho e Preconceito, o livro não o filme, foi escrito por Jane Austen e publicado em 1913 tendo sido recusado pelos editores anos antes. Particularmente, eu não me surpreendi muito ao tomar conhecimento de tal fato. Quer dizer, o livro não é mesmo essas coisas todas... mesmo naquela época as pessoas acharam isso. No entanto, um pouco antes de Orgulho e Preconceito ser publicado, Jane conseguiu emplacar outro romance (que eu como péssima pessoa que sou esqueci o nome e não vou procurar de novo) o que provavelmente abriu as portas para o anteriormente-recusado-atual-clássico da literatura inglesa. Mas é claro que gostar ou não do livro é absolutamente pessoal.

Motivos pessoais que possivelmente me levaram a não gostar de Orgulho e Preconceito de Jane Austen:
  1. Apesar da mensagem ser universal e eterna (blábláblá), a roupagem está por demais ultrapassada para que as devidas adaptações temporais sejam feitas facilmente - afinal, 1913! Faz quase um século!!!!!
  2. Eu nunca gosto dos "mocinhos(as)", mas eu gosto de não gostar deles e, principalmente, eu gosto de não gostar deles pelos motivos certos! Já neste livro eu realmente gosto do mocinho (Mr. Darcy) e, embora eu não goste da mocinha (Elizabeth) , isso se deve ao fato dela ser muito, bem... "defeituosa" e não por ser perfeita demais (como é de costume)
  3. O livro é um tanto quanto... parado! Lento! - o bastante pra minha mãe desistir de ler no capítulo 15 (são 61!)
  4. Eu sempre confundo Orgulho e Preconceito com Crime e Castigo (do Dostoievski) - eu não consigo nem lembrar o nome do livro direito....
  5. Eu sou incrivelmente chata e difícil de agradar - motivo principal!!!

De qualquer forma, o livro é, como eu disse antes, um clássico da literatura inglesa e vale a pena lê-lo, mesmo que seja só para tirar as próprias conclusões a respeito.

NOTA: A família Bennet (pai,mãe e cinco filhas em idade de casar) mora em uma cidadezinha da Inglaterra. Uma grande propriedade do condado/cidadezinha é comprada por um jovem muito rico que para lá se mudo com suas irmãs e seu amigo ainda mais rico que ele.
Filhas em idade de casar + jovens vizinhos muito ricos... entenderam?!?
ROMANCE ROMANTICO

P.S.: agradeço a minha amiga Lana por ter me emprestado o livro e me possibilitado ingressar na carreira de crítica literária - apesar de eu tê-lo feito de forma tao incrivelmente desastrosa!

terça-feira, 19 de junho de 2007

Dilacerada


O telefone chamou pela terceira vez àquela noite e mais uma vez não houve resposta. Quanto tempo eles levariam para perceber que algo estava errado naquele silêncio? Quanto tempo mais ela ainda suportaria aquela tortura, aquele inferno? Se ela pudesse escolher já estaria morta, mas ela sequer sabia se estaria morta no fim. Se ele não a matasse ela mesma cuidaria disso mais tarde, pelo menos foi o que pensou enquanto aquele corpo grotesco pesava sobre seu corpo exausto da tentativa de fugir.

Ela jamais imaginara que ele seria capaz de algo tão sórdido. Quando confiou a ele seus segredos, quando permitiu que ele entrasse em sua vida e tomasse parte de cada aspecto dela, ela jamais imaginara que poderia ser traída de tal forma, de maneira tão violenta e aterradora. Mas agora era tarde demais para pensar nisso, era tarde demais para qualquer coisa, aquilo logo chegaria ao fim. Ela já exaurira todas as suas forças tentando dominá-lo, mas ele tinha o dobro de sua determinação. Já extinguira sua voz gritando por ajuda, mas não havia ninguém que pudesse socorrê-la. Já esgotara todas as suas lágrimas, mas elas se foram junto com a esperança. Ela, por fim, perdera a necessidade de manter-se viva, pois seria como manter viva aquela experiência e essa era uma dor que ela não tinha a intenção de carregar.


Ele terminara, estava satisfeito com o que fizera e apenas deu as costas e se foi. Partiu tão silencioso como quando entrara, invadindo sua casa e seu corpo. Violentado. Marcado. A prova tátil do que acontecera. Sua alma dilacerada. Ela sabia o que fazer.

Na manhã seguinte a mãe da garota entrou em casa. A porta estava destrancada apesar dela lhe ter dito para mantê-la trancada sempre. Uma precaução necessária em uma época tão violenta. Chamou pela filha mas não obteve resposta, começava a ficar preocupada já que não conseguia entrar em contato com ela desde a noite anterior. Subiu as escadas, abriu a porta do quarto da garota. Nada lá também. Foi quando reparou em algo próximo a porta do banheiro, algo que ela não podia reconhecer, algo que ela não queria reconhecer.

Lentamente o liquido vermelho se espalhava em uma mancha informe sobre o piso branco, tão forte, tão vivo, atravessando àquela porta que separava agora uma mãe do corpo inerte de sua filha, suas almas dilaceradas.

quarta-feira, 23 de maio de 2007

E.T.C. -- hauhauhauhauhauhuahuahuah

Capítulo um

Boas Vindas

1.1

Era Domingo, cinco de Fevereiro de 2006, dia de desembarque na Escola Tino Calinare. Havia um mar de carros estacionados na frente do colégio de onde desciam os alunos com suas malas carregadas para pelo menos uma semana letiva de batalha, porque é isso que a Tino Calinare é, um campo de batalha com seus exércitos rivais. Estes exércitos começavam a se reunir no pátio frontal esperando o já conhecido discurso da coordenadora, Mirian, a mulher de ferro!

- Bom dia alunos! Vocês estão chegando para mais um ano letivo neste que é o melhor colégio do país. Primeiramente eu tenho alguns avisos para os alunos do fundamental (...), quanto aos alunos do primeiro ano (...). E, finalmente, os alunos do segundo e do terceiro ano! Eu só tenho a dizer que espero de vocês um comportamento melhor que o apresentado nos últimos anos (...). Desta vez eu serei a responsável direta pela disciplina e estou certa de poder contar com a colaboração de vocês, caso contrario haverá conseqüências (...). Vocês estão recebendo o livro de regras, o qual devem consultar antes de iniciarem mais uma revolução. Os alunos novatos devem me acompanhar ate a coordenação, os demais devem ir para os dormitórios.

Eu sinto muito pelas inúmeras reticências, mas elas foram imprescindíveis para evitar a fadiga e também para que não perdêssemos tempo com o desnecessário. Talvez fosse conveniente, antes que eu prossiga com esta história, que você passasse por um curso básico de iniciação à vida social do colégio, mas isso nos faria perder muito tempo, por isso resumirei em algumas linhas.

Tino Calinare – socialmente falando

Na Escola Tino Calinare, existem pessoas de todos os tipos, imagináveis ou não, mas é possível classificá-las em dois principais: os ricos e os muito ricos. Os alunos do ETC são filhos das maiores fortunas do país, todos eles, pois o colégio não é do tipo que incentiva caridade. Outra divisão superficialmente visível está entre veteranos e novatos, os descolados e os socialmente deslocados. Mas este ano não havia muitos novatos nem os diferentes grupos poderiam se dar o luxo de sobreviver isoladamente. A diretora e proprietária do colégio, Ilza Calinare, assumiu neste ano de 2006 uma função meramente figurativa, cedendo poder quase irrestrito a sua filha, a coordenadora Mirian Calinare, o que significa uma mudança catastrófica nos padrões disciplinares da instituição. Voltando à classificação dos alunos em tribos distintas optei por dividi-los da seguinte forma:

· As equipes de kart

· O grupo de dança

· O jornal

· O clube de química

· As patys

· A equipe de teatro

Estes grupos, no entanto, não são homogêneos, podendo apresentar divergências e ramificações internas, o que dificulta o entendimento das relações sociais entre as muito mais de quatro paredes da ETC.

(continua)

domingo, 22 de abril de 2007

PARADA

No meio do escuro, no meio do nada

Do nada

Nada
Nada

SENTIMENTAL
Quisera não ser, mas o sou
E só se é o que é

O que é

O que é


FINGINDO

A alegria que aparento é metade da tristeza que sinto

Essa tristeza rala e sem cor

Que dói sem marcar

Que me é sem me ser

ESTÈTICA

O acabamento perfeito para o que acabou

Para o que não foi

Para o que se foi

Porque se acabou

CONCRETUDE

Realidade acimentada


Para me enterrar

Para me lacrar

Para me vencer


SENSÌVEL

Por estas rimas pobres

Que corroem meus versos

Por meus segredos imersos

Por meu não disfarçar

LOUCURA

Que controla meus atos

Que traduz estes fatos

Que são certos ou não

Que são pensados ou não

PARADA

No meio do nada, no meio do chão

No meio da queda

Com medo do escuro

Na escuridão.

segunda-feira, 16 de abril de 2007

Nada


Na solidão de um quarto escuro vive uma garotinha e ela, coitadinha, chora e nem sabe porque. Ela tinha um amigo, talvez dois ou dez, quem se importa? Eles foram embora e ela ficou na escuridão. Os pais dela estão lá fora e também o seu irmão, mas de que serve se ela está aqui dentro? Só... Por que só se há tanta gente por aí? Escuro... Por que na escuridão se pode acender as luzes? Na escuridão de um quarto só vive uma garotinha e ela está muito cansada para acender as luzes, cansada de nada. E ela está muito cansada para sair e ver as pessoas, cansada do nada. O nada cansa muito a gente, assim do nada, de repente. Basta ficar sem fazer nada! Daí bate uma dor no peito, ou vai ver que é um vazio e é por isso que ela chora. Ela nem quer ficar sozinha e nem tem gosto pelo escuro, mas ela acha que, quem sabe, alguém se importa e vem aqui abrir a porta, então espera. Na solidão de um quarto escuro morre uma garotinha e no enterro dela, coitadinha, tinha gente pra danar. Tanta gente chorando e ela morreu de esperar. Mas disso ninguém sabe, porque a tristeza dela ninguem viu, quando num quarto escuro qualquer o coraçao dela, de tão sozinho, se partiu, etudo porque ela estava de olhos fechados. Isso mesmo,aquele quarto nao tinha porta nem parede ou teto, e se aquela garotinha quisesse ela podia até ver o Sol, mas a coitadinha estava muito cansada, cansada do nada. Esse nada danado faz isso com a gente, assim, por nada, de repente!


**texto antigo... da fase suicida (brincando pessoas...calma!), da época que eu escrevia pra descarregar a pena que eu tinha de mim mesmo...credo...isso faz mal!eu particularmente nao me orgulho muito desse texto nao...só serve se você souber a entonaçao certa para lê-lo e às vezes eu acho q eu sou a única que sabe ( e isso só porque fui eu quem escreveu e nada mais)...mas enfim, fica ele ai pq a melancolia é necessaria as vezes...
=*

sexta-feira, 13 de abril de 2007

Metalinguístico


inspiração sf. 1. Ato de inspirar(-se) ou de ser inspirado. 2. Ato de inspirar[introduzir o ar nos pulmões]. 3. Qualquer estímulo ao pensamento ou à atividade criadora. 4. entusiasmo poético; estro[sinônimo de inspiração].
*verbete extraído do miniAurélio século XXI, pequenino dicionário semi-inútil que sempre me deixa na mão e que, segundo um memorável professor de português que eu tive, nao serve senão para adubo de plantas e funções afins.

Voltando à inspiraçao...que coisinha mais dificil de ter, conseguir, achar, produzir ou seja lá que verbo se adeque a ela. Quanto mais você precisa, menos você tem. Eis portanto o dilema dos autores de blog, e dos autores do que quer que seja, como escrever com frequência e competência algo que entretenha e agrade a vocês leitores? Tarefinha ingrata essa, apesar da infinidade de temas passiveis de abordagem. Às vezes as palavras simplesmente não ajudam, nada sai destas mentes insanas que um dia aventuraram-se na vida blogueira.

Além da falta de inspiraçao, eu particularmente não posso deixar de culpar a preguiça, este meu velho habito de evitar a fadiga quase a todo custo ( mas nunca tanto quanto algumas pessoas que eu conheço), que mil vezes me fez desistir de textos promissores mesmo antes de começa-los.

Enfim, tamanha introduçao foi só para não lançar assim a seco meu pedido de desculpas pela pouca dedicação que eu tenho demonstrado por este pequenino blog. O bom foi que, utilizando-me de artificios metalinguisticos, eu consegui, em plena crise de criatividade, escrever um texto de proporções razoáveis. Não que ele (este texto) vá acrescentar nada de significativo na vida de vocês, não que ele seja interessante, divertido, instrutivo ou mesmo considerável, mas vai servir pra mudar a data da última postagem... essa data longínqua já estava me dando nos nervos.

domingo, 1 de abril de 2007

A melhor Páscoa do mundo!

Finalmente chegou... Chegou o momento de consumo desregrado incentivado pelo capitalismo selvagem mais feliz do ano. Circunstanciada pela Páscoa, a venda de chocolates encontra o auge neste período, são quilos e mais quilos dos mais variados tipos e marcas de chocolates dependurados em suas peculiares armações metálicas pelas mais diversas lojas do país, especializadas ou não na venda do doce em particular.

Quer apelo maior do que ao entrar em uma loja ser obrigado a caminhar por dentro de toda uma pólis açucarada? E pior ainda se você for o pobre acompanhante de uma criança, inevitável sair de lá com pelo menos um dos benditos ovos ou, se não, com uma bela dor de cabeça. Eu citei a compra de um ovo de páscoa, mas, embora esta seja ainda a opção padrão, existem os corações, coelhos, gotas, bolas, entre outras dezenas de possibilidades fórmicas para o excelentíssimo chocolate.

Se você é o triste portador de alguma espécie de doença que o impossibilita de comer chocolate... Eu sinto muito, rezarei pela sua alma e que você alcance a felicidade por outros meios que não o gastronômico. Se você não gosta de chocolate... Eu sinto muito, deve ser difícil suportar toda a pressão que existe a respeito do consumo de tal iguaria. Se você ainda não comprou o chocolate para esta Páscoa... não precisa se apressar, há chocolate para vender e vender (dar, jamais) até domingo e depois.

É uma pena porém, que a Páscoa, assim como o Natal e tantas outras datas comemorativas, tenha se transformado em um mero pretexto para uma alavancada nas vendas, uma caçada pelo lucro. Triste saber que, para a maioria das crianças que esperneia ate conseguir ter em mãos um desses artigos deliciosos e caros, a Páscoa não passa de uma oportunidade de esbaldar-se em chocolate não tendo nenhum significado particularmente superior. Mas, vivendo na era do capitalismo reinante, quem poderia mudar tal realidade?

Só resta a esta autora desejar a todos uma feliz Páscoa!

sexta-feira, 23 de março de 2007

Calorzinho gostoso

Fortaleza,7 de Janeiro de 2007
Andando na avenida paro e vejo ao longe o horizonte distorcido, é o calor, nada além desse calorzinho nosso... Será possível que eu seja em toda a cidade a única pessoa que percebeu a incrível, absurda, catastrófica elevação das temperaturas? Não, eu não sou a única. “Êta, que calor”! Quer frase mais comum que esta saindo da boca dos fortalezenses nos últimos dias? Não que Fortaleza fosse antes uma cidade de clima frio. Não que nós tenhamos o privilegio de diferenciar entre as quatro estações. Longe disso, mas que as temperaturas estão mais altas, isto estão.

Eu cá com meus botões andei teorizando a respeito desta mudança abominável nos padrões meteorológicos de nossa cidade e cheguei à conclusão que é tudo culpa nossa. É claro, culpa nossa! Toda aquela história de efeito estufa, aquecimento global e faça sua parte tem, certamente, alguma relação com nossa situação. Os fortalezenses devem ser as pessoas menos apegadas à camada de ozônio existentes no planeta. Nada diz, porém, que eu não esteja equivocada em minha afirmação anterior, nós podemos simplesmente estar entrando em processo apocalíptico e Fortaleza será a primeira cidade tragada na destruição. Nós já estamos mesmo ardendo em fogo! Ou talvez, quem sabe, isso é um prenuncio da onda gigantesca que vem por ai, ondas gigantes tem sempre a ver com mudanças climáticas... Ou será que elas tem a ver com catástrofes geográficas? Mudanças climáticas são catástrofes geográficas? Geográfico ou não, que calor catastrófico!

Pra quem ainda não reparou, até mesmo os aparelhos de ar condicionado vem se rebelando diante de tamanha quentura, os da nossa querida universidade federal pelo menos estão há muito anunciando o estouro de uma greve geral! Nem eles, os aparelhos de ar, querem estar ligados neste clima. Bom mesmo seria se nós pudéssemos curtir esse sol deitados em uma rede na varandinha ventilada de casa, ou nos bronzeando na areia da praia, tomando uma aguinha de coco gelada e exibindo o caríssimo óculos de sol comprado especialmente pra nos proteger desse gigantão celeste. Ai sim a gente ia dizer: “êta que calor! Mas um calorzinho gostoso!”

quarta-feira, 21 de março de 2007

Banho a luz de "velas"


Caros leitores deste blog divagante, vocês por acaso ainda contam com a presença de seus queridos avós em suas vidas?! Para a felicidade familiar de vocês, eu sinceramente espero que sim. Eu, por exemplo, ainda tenho meus dois vovôs e minhas duas vovós e às vezes me pergunto o que seria de mim sem eles, normalmente eu me pergunto isto naqueles momentos em que só mesmo eles pra nos livrar daquele problema... assim como, quando eles ficam do nosso lado em discussões com os papis, quando nao tem nada pra comer em casa (só costuma valer quando os avós moram perto), quando alguem anuncia que uma onda gigante vai tragar nossas casas daqui há alguns anos e eles compram um sitio lá no fim do mundo só pra você não morrer afogado....

Sim, eles também fazem esse tipo de coisa por nós, pelo menos a minha avó (mãe do meu pai) fez. No final do ano passado ela se tornou a mais nova proprietária de um lote de terra em Horizonte (se você não sabe onde é...eu sou solidária a você) onde, diz ela, a onda gigante tiradora de sono das mães de família não chegará! Até ai tudo bem, eu ficarei extremamente grata se graças a esta aquisição eu estiver viva apos o desastre, mas não foi ai que parou a historia, meu pai se empolgou tanto com a compra deste terreno que resolveu construir a casa o mais rápido possível. Contratou um pedreiro e usando seus super poderes levantou a casa em tempo recorde (eu tô falando serio, as vezes meu pai me assusta!), já contamos com energia elétrica, água encanada, uma cozinha com aparatos tecnologicos de ponta e ate uma cama só pra mim (porque eu sou uma neta privilegiada). Apesar de tudo isso a casa ainda não esta concluída, somente 2 dos 4 banheiros estão prontos pra banho, sendo que, em um deles, ainda nao foi feita a instalaçao eletrica.

Imagine entao, caro leitor, uma casa super lotada (mais precisamente com 28 avós, pais, tios e primos) naquela hora maligna em que bate em todos a estranha necessidade de tomar banho. Isto aconteceu em minha ultima visita ao sitio dos Nogueira, mas eu, que não sou uma pessoa muito paciente, resolvi nao esperar uma vaga no super concorrido banheiro iluminavel. Peguei minhas tralhinhas de banho, minha toalha e minha mãe (pra vigiar o banheiro q tambem nao tem porta) e rumei em direçao a opçao menos aconselhavel para meu objetivo. Ao perceber o fracasso que seria minha empreitada no banheiro das trevas minha querida avó entra em casa e de lá sai com um troço nas mãos... um troço porque no primeiro momento eu realmente nao reconheci o que diabos era aquilo, mas tratava-se nada mais nada menos que de uma lamparina, uma lamparina a gás! Minha vó tem um museu em casa, eu tenho certeza disso agora! E ela me fez mesmo tomar banho com aquela coisinha jurassica acesa no pé da porta inexistente do banheiro, com aquele cheiro horrivel de gas quase me sufocando la dentro... tirando a parte que eu merecia outro banho pra tirar aquela sensaçao de pessoa inflamavel do corpo tudo correu bem e eu nao precisei enfrentar fila nenhuma pra tomar meu banhinho.

Aiai... por isso que eu amo meus avós!!!!

segunda-feira, 19 de março de 2007

Idade: 14 anos


Sabe aquela fase que muitos de nós ainda não conseguiu superar? A nossa fase “14 anos”? Eis que a tal fase me levou, no ultimo sábado, ao absurdo de ir ao show comemorativo dos 14 anos do bloco siriguella, show este realizado no Marina Park Hotel e que levou ao já citado local uma quantidade incrível de chicleteiros, ou seja, um numero incrível de pessoas que ainda não conseguiram superar a tal fase “14 anos”... credo! Será este algum tipo de síndrome? Devemos nos preocupar com a possibilidade de uma epidemia onde as pessoas parecem regredir no tempo e cometer atitudes dignas da imaturidade adolescente?! Provavelmente não! Segundo Bell (o vocalista do Chiclete com Banana) se você foi ao show isto se deve tão somente ao fato de que em suas veias corre chiclete. Sim, chiclete...nao sangue como nas veias de todas as pessoas normais, porque, afinal, você é um chicleteiro.

Talvez seja muito difícil para você que foi ao show acreditar que só existem dois motivos possíveis para o fato: Ou você é imaturo, ou um chicleteiro convicto. Eu, particularmente, creio não me encaixar em nenhum dos perfis, já que eu jamais admitiria uma regressão de 5 anos e sou tão chicleteira quanto pode ser alguém que não sabe sequer a letra de qualquer musica da banda. Mas se é assim, que razão me levou a enfrentar aproximadamente 5 horas de show, junto com uma multidão de sabe la quanta gente sofrendo de tortura por culpa de uma sandália desgraçada-podocida-psicótica e pagando uma fortuna por produtos que custariam um terço em qualquer supermercado?!

Após uma cuidadosa analise dos fatos eis que eu finalmente cheguei a uma resposta convincente. Eu sou doida! Não há outra explicação plausível (e se houver eu aposto que essa ainda será a mais provável para o meu caso) e se você se encontra na mesma situação que eu, sinto muito lhe informar, você também é doido. Procure a clinica psiquiátrica mais próxima, ou simplesmente aceite o fato, que não é de todo ruim depois que você se acostuma. Mas se você não se conforma com nenhuma das explicações fornecidas por esta que vos escreve, saiba que não esta sozinho. Levando em conta a aceitação da minha condição pouco sã, eu provavelmente não sou a pessoa mais capacitada pra diagnosticar qualquer coisa. Então, se assim for, formule você mesmo sua teoria (tendo ou não comparecido ao show) e nos informe a respeito.